quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Fernão Capelo Gaivota

I
Saia do chão dê um salto
Não se isole feito monge
"Gaivota que voa alto
Vê o mundo bem mais longe"
II
Se voce pensar pequeno
O seu QI não se expande
Mas se voce pensar grande
Ele estará sempre pleno
A covardia é veneno
Em qualquer competição
Quem quer ser um campeão
Tira as pedras do caminho
Se voce só pensa inho
Nunca vai chegar no ão
III
O cavalo com a cela
Passa no momento certo
Se voce não for esperto
A carona lhe atropela
E voce só monta nela
Se tiver disposição
Perde sempre a condução
Quem anda devagarinho
Se voce só pensa inho
Nunca vai chegar no ão
IV
Se voce assim está
Na cadência da derrota
Fernão capelo gaivota
Muito lhe ajudará
Livro de Richard Bach
Pra sua meditação
Que lhe seja uma injeção
De amor e de carinho
Se voce só pensa inho
Nunca vai chegar no ão
V
Não se proibe sonhar
Nessa leitura se insira
Que o medo de perder tira
A vontade de ganhar
E que voce pra voar
Só precisa de amplidão
Busque sempre a perfeição
Mas nunca tente sózinho
Se voce só pensa inho
Nunca vai chegar no ão
Jatobá
*Após a leitura do livro Fernão Capelo Gaivota de Richard Bash.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Pranto e Riso

I
O bandido atacando em liberdade
Faz crescer dia a dia a violência
E a justica tem pouca competência
No Brasil campeão da impunidade
Mas BERTONIO bom filho, na verdade
O caminho da paz está seguindo
O saber ele está adquirindo
E pretende em Direito se formar
Tenho tantos motivos pra chorar
Mas pensando em você vivo sorrindo
II
Cada esquina da rua uma quadrilha
Que assalta, que mata e vende droga
Mar de lama onde o jovem se afoga
E caminho sem volta onde ele trilha
Mas pensando em BIA, minha filha
Quinze anos, é flor que está se abrindo
E necessita do pai lhe assistindo
Na passarela da vida a desfilar
Tenho tantos motivos pra chorar
Mas pensando em você vivo sorrindo
III
Um dia intranqüilo e agitado
Uma noite bem longa e mal dormida
É um fato comum na minha vida
Depois do Brasil globalizado
BIANCHINE me faz tão conformado
Alegria ele passa até dormindo
O papel de bom pai estou cumprindo
Porque Cristo é quem reina no meu lar
Tenho tantos motivos pra chorar
Mas pensando em você vivo sorrindo
IV
A manchete estampada no jornal
Assaltaram o BB em João Pessoa
Estruparam uma jovem na Lagoa
E a polícia procura o marginal
Só BRENO melhora o meu astral
Novo craque da bola está surgindo
Imagino o caçula competindo
Imitando a Pelé, socando o ar
Tenho tantos motivos pra chorar
Mas pensando em você vivo sorrindo
V
A salário há anos defasado
Gasolina subindo todo dia
E as regras de aposentadoria
O governo carrasco tem mudado
O presente se mostra conturbado
Nebuloso futuro que está vindo
Mas pertinho de BETE estou sentindo
A coragem e a força pra lutar
Tenho tantos motivos pra chorar
Mas pensando em você vivo sorrindo.
Jatobá

Falta de perdão

I
Quem não sabe perdoar
Não serve para viver
Muito já ouvi dizer
Poucas vezes praticar
É muito fácil falar
Difícil é ser perdoado
Não carregue este pecado
Ao longo da sua vida
O ódio cresce à medida
Que o perdão não é dado...
II
Ódio é como uma cicatriz
No peito de uma pessoa
E se ela não perdoa
Nunca pode ser feliz
Não queira ser o juiz
Coração não é togado
E a cada perdão negado
Faz no peito uma ferida
E o ódio cresce à medida
Que o perdão não é dado...
III
Caim só matou Abel
Pela falta de perdão
Quem odeia seu irmão
Coloca no peito fel
O perdão é como mel
Tem sabor adocicado
Mas muito tempo guardado
Vira cera apodrecida
O ódio cresce à medida
Que o perdão não é dado...
Jatobá

Lamento das folhas

I
No casebre eu às vezes pensativo
Vendo a seca terrível que se alastra
Se o sonho da chuva o céu lhe castra
Ele indaga a Deus pai por qual motivo
O castigo a um povo tão cativo
Que se nutre na fé e na oração
Sempre tem o senhor no coração
Pois é justo, contrito e sempre honesto
Cada folha que cai leva um protesto
Contra a falta de chuva no sertão.
II
Está seco o açude e o barreiro
É tristonha demais essa paisagem
E de verde só tem mesmo a folhagem
Do robusto e frondoso juazeiro
É o único que serve de sombreiro
Santo oásis naquela região
Imponente ele esboça a reação
Contra a seca cruel que tosta o resto
Cada folha que cai leva um protesto
Contra a falta de chuva no sertão.
III
Sertanejo apesar de tanto estio
Tem a força no peito como um marco
Resiste igualmente a um pau d'arco
Que nasceu lá na margem de um rio
Suas folhas caindo no baixio
Despejadas na fúria do verão
No trajeto da árvore para o chão
Vão deixando no ar seu manifesto
Cada folha que cai leva um protesto
Contra a falta de chuva no sertão.
Jatobá

Quatro décadas de poesia

I
O poeta, amigo e o irmão
Oliveira, Francisco de Panelas
Já trilhou por diversas passarelas
Pois cantar é a sua devoção
Um marco a mais na profissão
De levar o amor a tanta gente
E, depois de avô, agora sente
Os seus sonhos poéticos renovados
Nos quarenta degraus ultrapassados
Na escada poética do repente
II
Começou a cantar pequenininho
Doze anos de idade e muita fé
Seu primeiro parceiro, Josué
E a primeira viola um cavaquinho
Começou a voar, deixou seu ninho
Com o segundo parceiro, João Vicente
Foi galgando batente após batente
Impossível contar os vôos dados
Nos quarenta degraus ultrapassados
Na escada poética do repente
III
O terceiro, um amigo professor
Manuel de Hermínio, a doce mola
O mundo tornou-se a sua escola
E o quarto parceiro, o Voador
A viola dinâmica, o seu amor
Que grudava no peito docemente
E na ata gravada em sua mente
Tantos outros poetas são citados
Nos quarenta degraus ultrapassados
Na escada poética do repente
IV
Com o quinto, Oliveira fez história
Otacílio Batista, em João Pessoa
Mas o tempo é cruel e sempre voa
Nunca pára na sua trajetória
Um período de paz e tanta glória
Um moço e outro experiente
Hoje o velho parceiro etá doente
Mas os doces momentos são lembrados
Nos quarenta degraus ultrapassados
Na escada poética do repente
V
É motivo de tantas reportagem
Nas revistas, tv's e nos jornais
Campeão de inúmeros festivais
Divulgado em cd's e em filmagem
Criador de canções e de imagem
Sua voz de tenor é um presente
Retratar Oliveira fielmente
Só poetas por Deus iluminados
Nos quarenta degraus ultrapassados
Na escada poética do repente.
Jatobá

Filho Ingrato

I
Quem ao pai falta o respeito
Não lhe presta obediência
O filho por consequência
Vai fazer do mesmo jeito
Terá o mesmo conceito
A imagem a cada ato
Vida de pai é extrato
Que todo filho copia
Todo filho ingrato um dia
Vai ser pai dum filho ingrato.
II
Você foi independente
Desde a sua mocidade
O seu pai só foi bondade
Você foi inconseqüente
Seu filho futuramente
Será seu modelo exato
E você será um rato
Com um gato na companhia
Todo filho ingrato um dia
Vai ser pai dum filho ingrato.
III
Seu pai ficou no sertão
Você foi pra capital
Com ele foi desigual
Cometendo ingratidão
Fez de você insensato
Hoje em dia pago o pato
A maldade que fazia
Todo filho ingrato um dia
Será pai de um filho ingrato.
IV
Hoje você verte pranto
Mas é bom sofrer calado
Sua dívida do passado
Só você conhece o quanto
Maltratou seu pai um santo
Dum filho sofre o maltrato
Pode sim pagar de fato
Tudo que seu pai dizia
Todo filho ingrato um dia
Vai ser pai de um filho ingrato.
V
Trate bem seu genitor
Com ternura e com afeto
Um compromisso repleto
De carinho e de amor
Não deixe seu befeitor
Ficar no anonimato
Filho do pai é retrato
É pura sabedoria
Todo filho ingrato um dia
Vai ser pai dum filho ingrato.
Jatobá

Lugar onde nasci

I
Em janeiro de férias fui passar
Um final de semana no sertão
E no riacho da corda meu rincão
As saudades dali eu fui matar
Fui rever as belezas do lugar
Onde eu habitei antigamente
E quando o sol se escondia no poente
Fui chegando na casa onde vivi
Quando eu volto à volta terra onde nasci
Eu me sinto criança novamente.
II
A casinha já velha apresentava
As marcas do tempo em todo canto
E na calçada lugar que brinquei tanto
Um tijolo sequer não mais restava
E na porta da frente quando entrava
Encontrei um cenário diferente
Exclamei na passagem do batente
Oh! Meu Deus eu não sei porque cresci
Quando volto à terra onde nasci
Eu me sinto criança novamente.
III
De manhã fui correr pelo terreiro
Espantando galinha, pinto e galo
Uma vara da cerca, meu cavalo
Para mim era um cavalo verdadeiro
E tão rápido igualmente a um vaqueiro
Eu subia e descia velozmente
E só parava o cavalo de repente
Pra ouvir o sonoro bem-te-vi
Quando eu volto à terra onde nasci
Eu me sinto criança novamente
IV
Igual toda criança astuciosa
Fui em busca de frutas no baixio
E chegando à margem lá do rio
Fui direto ao pé de manga rosa
E uma manga madura e saborosa
Lá no alto peguei avidamente
E desci da mangueira tão contente
Com a fruta cheirosa que colhi
Quando eu volto à terra onde nasci
Eu me sinto criança novamente
V
Neste dia eu brinquei o quanto pude
De bodoque, estiligue e de pião
Arrastei um carrinho pelo chão
Fiz buraco e joguei bola de gude
De anzol fui pescar no velho açude
Pra fisgar a traíra tão valente
Que o dia passou rapidamente
Que o sentido do tempo até perdi
Quando eu volto à terra onde nasci
Eu me sinto criança novamente
VI
Como tudo que é bom é passageiro
O final de semana teve fim
E a saudade bateu dentro de mim
Ao deixar o meu sítio tão fagueiro
Mas no ano que vem mês de janeiro
Estarei nessa gleba certamente
Revivendo o passado no presente
De um adulto com jeito de guri
Quando eu volto à terra onde nasci
Eu me sinto criança novamente.
Jatobá

MÃE

I
Tem essência de santa e de guerreira
De estrela que brilha em todo canto
Tem na voz a ternura, um acalanto
Sempre é meiga, fiel e companheira
II
Na alegria ou na dor é a primeira
Que se envolve no riso ou no seu pranto
Impossível alguém amar do tanto
Que ele ama e se doa a vida inteira
III
É a fonte maior de um poeta
Não tem rima, mas é a mais completa
Poesia de amor, porque exprime
IV
Um soneto de luz angelical
Coração sem fronteira, universal
E é na terra o arcanjo mais sublime.
Jatobá